A lenda do Peixe-Boi

lenda peixe-boi



A tribo indígena Tükúna, habitante do vale do Rio Solimões, realiza a tradicional cerimônia da Moça Nova. É quando a índia passa da faze de criança para se tornar mulher. A festa dura vários dias, o ritual usa tambores, máscaras, roupas coloridas, comidas, bebidas e muita dança.
Um local especial é construído para enclausurar a virgem. Na noite de lua cheia, que geralmente cai no terceiro dia de festa, a índia é libertada e recebe conselhos das mais velhas sobre como se comportar a partir dali.
A tribo conta que em uma dessas festas, há milhares de anos atrás, o Pajé havia desconfiado que a cunhã já estivesse de namorico com um curumim. No final da cerimônia, pediu para os dois mergulharem nas águas do rio. Antes de levantarem a cabeça, o Pajé jogou em cima de cada um deles uma tala de canarana. Quando voltaram à tona, haviam se transformado em peixe-boi. A canarana até hoje é a alimentação preferida dos peixes-boi.



Ilustração: Jader de Melo
Essa lenda nos foi lembrada por Vanusia da Silva - SP

Chico Rei

Chico-Rei



Ele era o rei bom e sábio de uma tribo no reino do Congo, África. Foi capturado com toda a corte por comerciantes portugueses e trazido, em um navio negreiro, como escravo para o Brasil. Entre os membros da família, somente ele e seu filho sobreviveram à longa viagem.
Todo o lote de escravos foi comprado pelo proprietário da mina da Encardideira. Trabalhando, Chico - como o chamaram no Brasil - conseguiu comprar sua liberdade e a de seu filho. Alguns dizem que seu dono dava pedacinhos de ouro por seu esforço e obediência, outros dizem que ele escondia o ouro no cabelo.
Aos poucos, conseguiu libertar sua corte e outros negros. O grupo vivia em irmandade adquirindo, assim, a mina da Encardideira, que diziam já não ter mais ouro na época. Mas em um sonho, Santa Ifigênia avisou que poderiam continuar escavando que iriam achar o que desejava. Os negros comandados por Chico-Rei, como passaram a chamá-lo, continuaram a escavação encontrando bastante ouro.
Chico Rei virou monarca em Ouro Preto, antiga Vila Rica em Minas Gerais no século XVIII. Ergueu a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, aonde iam em procissão no Dia de Reis dançando e tocando tambores. Cortejo que deu origem ao Congado.


Ilustração: Jader de Melo
Essa lenda nos foi lembrada por Ana Paula Ferreira - DF


Uakti

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Uma antiga lenda dos índios Tukano, do Alto do Rio Negro, conta que existiu na terra um ser mágico chamado Uakti, cujo corpo era repleto de buracos que, ao serem penetrados pelo vento, produziam um som melancólico, mas tão encantador que atraia as mulheres da aldeia, que com ele copulavam.
Os homens da aldeia, por despeito e ciúmes de um ser tão estranho roubar suas mulheres, uniram-se para caçá-lo. Os índios o mataram com tal veemência, que o estraçalharam enterrando os pedaços próximos à aldeia.
No local, brotaram plantas cilíndricas e longas, curiosamente ocas. O pajé resolveu fazer furos iguais ao corpo de Uakti e, como esperava, o mesmo som saiu com ao passar o vento.  Os índios deram conta que poderiam produzir instrumentos daquela planta para seduzir as mulheres.
Existe um grupo brasileiro de música instrumental chamado Uakit, conhecido mundialmente por utilizar instrumentos musicais não convencionais, construídos pelo próprio grupo. www.uakti.com.br

Ilustração: Jader de Melo
Essa lenda nos foi lembrada por Carlos Vinícius - DF

Lenda do Tepequém

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A tribo Macuxi conta que um imenso vulcão vivia sempre "zangado" e jogava as suas lavas queimando tudo a sua volta. O fogo destruía a mata e os animais fugiam assustados.
Quando os índios já estavam desesperados, por não haver mais o que caçar ou pescar, o pajé convocou a todos da tribo para se reunirem. Em volta da fogueira, o pajé recebeu uma mensagem: " Três virgens devem ser sacrificadas, só assim acabará a fúria do vulcão".
As três mais bonitas virgens se ofereceram para realizar o sacrifício em benefício do seu povo, e num ritual, atiraram-se dentro do vulcão. Aceito o sacrifício, o vulcão parou de lançar suas lavas e, em vez de fogo, começou a jorrar diamantes. O vulcão, hoje, é a grande Serra do Tepequém, que tem a sua frente três lindas serras que representam as virgens sacrificadas.
A Serra do Tepequém fica no extremo norte de Roraima, seu nome é originado das palavras indígenas "Tupã queem" que quer dizer "Deus do fogo". 


Ilustração: Jader de Melo
Esta lenda nos foi lembrada por Jessica Rippel - Sacizeira


Alamoa



Alamoa


Os moradores de Fernando de Noronha contam que nas vésperas de tempestades, por volta da meia noite, a Alamoa aparece na praia. Ela é uma mulher linda, de cabelos longos e sempre está completamente nua. Seus pés parecem não tocar o chão e seu corpo brilha como as estrelas.

Bailando, atrai e seduz as vítimas até sua morada, a pedra do Pico. Ali o encanto acaba e a bela se transforma em um esqueleto horripilante. Então, a fenda da pedra se fecha e o pobre homem nunca mais é visto, apenas se escuta o eco dos seus gritos de pavor.

Seu nome significa o feminino de alemão, pois conforme interpretação popular, mulher loira por aquelas bandas só poderia ser alemã.

Alguns afirmam que é uma alma penada à procura de um homem forte, que a ajude a desenterrar seu tesouro escondido.



Ilustração: Jader de Melo
Esta lenda nos foi lembrada por Fernando Ribeiro - DF