Séculos atrás, quando caiu o
último reduto árabe na Espanha, uma princesa moura veio fugida em uma urna de Salamanca,
transfigurada em uma velha, para que não fosse reconhecida e aprisionada. Acabou
indo morar no Cerro do Jarau, Quaraí, no Rio Grande do Sul.
Falam que ela foi enfeitiçada
pelo próprio Diabo Vermelho, o Anhangá-Pitã, pois a bela também se transforma
em uma Teniaguá, uma espécie de lagartixa, com uma pedra preciosa cintilante no
lugar da cabeça, cor de rubi, para fascinar os homens e os atrair ao inferno.
Num certo dia, com um sol de
rachar, um sacristão jesuíta foi à lagoa refrescar-se e, num susto, deparou-se
com a Teiniaguá saindo d’água. Como homem religioso, sabia que era uma princesa
moura e, num gesto rápido, aprisionou-a numa guampa e esperou a noite chegar
para vê-la. Quando o sol baixou, a princesa moura apareceu com um lindo sorriso
rubro pedindo vinho. Vinho? Só o da santa missa. Já apaixonado, roubou o vinho
sagrado e assim, bebendo e amando, eles passaram a noite.
E as noites de repetiam felizes até
que, os padres desconfiaram e, numa madrugada invadiram a cela do sacristão. A
princesa transformou-se em Teiniaguá e fugiu para as barrancas do rio Uruguai,
mas o moço, embriagado pelo vinho e de amor, foi preso e acorrentado. Condenado
a morte no garrote vil, na praça, diante da igreja, já para ser executado, a
Teiniaguá surgiu de baixo da terra para salvar seu amado. O que se viu foi um
estouro grande, parecia que o mundo inteiro vinha abaixo. Houve fogo, fumaça,
enxofre e tudo desapareceu de vista.
Descobriram depois, que a
princesa e o sacristão viviam numa caverna muito funda e comprida, hoje
conhecida como Salamanca do Jarau. Quem tivesse coragem de entrar lá, passasse
7 provas e conseguisse sair, ficava com o corpo fechado e com sorte no amor e
no dinheiro para o resto da vida.
(Essa lenda nos foi lembrada por:
Fernando Tissi e Valquíria - DF)
Ilustração por: Danielle PioliART
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