Homenagem à Ariano Suassuna


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Em Outubro homenageamos Ariano Suassuna.

Ariano Vilar Suassuna, um dos maiores dramaturgos, romancistas, ensaístas e poetas que o Brasil já teve. Faleceu com 87 anos, em 23 de julho de 2014, deixando um legado de obras para a cultura mundial: livros, peças, ensaios, etc. Alguns viraram minisséries e filme, como “O Auto da Compadecida”. Suas obras já foram traduzidas para inglês, francês, espanhol, alemão, holandês, italiano e polonês.

Idealizador do Movimento Armorial, que segundo Suassuna tem como traço principal a ligação com espírito mágico da literatura de cordel, com a música de viola, rabeca e pífano, que acompanha os cantares e os espetáculos populares de rua, que se transforma do barro e das tintas dos artistas nordestinos. Seu objetivo foi valorizar a cultura popular do nordeste do Brasil, realizando uma arte erudita a partir das raízes da cultura do país. Um preeminente defensor da cultura nordestina.

Advogado, professor, teatrólogo e romancista, Suassuna, fez parte da Academia Brasileira de Letras, Academia Pernambucana de Letras e Academia Paraibana de Letras. Foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura e do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco, Diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco, Secretário de Cultura e Educação de Pernambuco e chefe da Assessoria Especial do Governo de Eduardo Campos. Ganhou vários prêmios, como o Prêmio Nacional de Ficção do Instituto Nacional de Livros, pela obra “A pedra do reino”.

“Cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre”.
 
Ilustração por: Musgone

A Lenda do Diamante



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Em um tempo atrás, na região Centro-Oeste, vivia à beira de um rio uma tribo indígena, e dela fazia parte um casal de índios muito feliz, que a paixão se destacava entre todos os outros casais. Ele, um guerreiro poderoso e valente, chamava-se Itagibá, que significa "braço forte". Ela, uma jovem e bela moça, tinha o nome de Potira, que significa "flor".
Viviam tranquilamente e felizes, até sua tribo ser atacada e ser anunciada uma guerra.  Itagibá teve que acompanhar os outros guerreiros à luta contra o inimigo. Ao se despedirem, Potira não deixou cair uma só lágrima, mas seguiu, com o olhar muito triste, o marido que se afastava em sua canoa.
Todos os dias, Potira ia para a margem do rio esperar o esposo. Passou-se muito tempo, mas Potira permanecia serena e confiante, com saudades tinha a esperança que logo seu amado chegaria.
Quando os guerreiros da tribo regressaram à sua taba, Itagibá não estava entre eles. Potira foi informada que seu marido morreu lutando bravamente. Ao receber essa notícia, a jovem índia se descontrolou a chorar. Passou o resto da vida à beira do rio chorando a morte do seu amor. Tupã, o deus dos índios, ficou com dó e transformou as lágrimas de Potira em diamantes, que se misturaram com a areia do rio.
Daí a razão pela qual os diamantes são encontrados entre os cascalhos e areias do rio. Seu brilho e pureza recordam as lágrimas de saudade e de amor da índia Potira.
(Essa lenda nos foi lembrada por: Falcão Viana - DF)
Ilustração por: Danielle Pioli ART

Gruta de São Tomé das Letras



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No final do século XVIII, João Antão, escravo da fazenda Campo Grande, apaixonou-se pela filha do seu senhor, o Coronel Junqueira, mas não demorou muito para seu sentimento ser descoberto e com isso, passou a sofrer fortes mal tratados. Um dia, conseguiu fugir da fazenda e encontrou uma gruta, onde se refugiou, passando a viver por muito tempo de frutos silvestres, raízes e peixes.
Um dia, ao acordar, viu uma luz forte saindo do fundo da gruta e um senhor de roupas claras e traços finos apareceu ao escravo, perguntando-lhe o motivo de sua permanência por tanto tempo naquela gruta. João contou-lhe sua história. O estranho homem escreveu um bilhete e o entregou, instruindo-lhe que levasse ao Coronel Junqueira, e prometendo-lhe que seria perdoado.
O escravo obedeceu. Ao ler a carta, Junqueira admirou-se de letra tão invejável e tão fino papel, incomuns para aquele tempo. Resolveu, então, ir até a gruta onde o escravo estivera, mas não encontrou ninguém, apenas uma pequena imagem esculpida em madeira. Como homem religioso, acreditou ser o apóstolo de Cristo, São Thomé.
Junqueira imediatamente levou a imagem para sua casa, vendo se tratar de um milagre. Porém, a imagem sumiu e reapareceu na gruta inúmeras vezes, até que a esposa do coronel sugeriu que construísse uma capela ao lado da gruta para que pudessem ir fazer orações devotas ao santo. Assim, o senhor da fazenda decidiu colocá-la na capela, perdoando o escravo e o libertando.
Durante a obra de construção da igreja, foram encontradas algumas pinturas que segundo a crença da época, foi a prova cabal da visita do santo ao local. Hoje, a construção que o capitão ergueu é a Igreja Matriz (1785), com a pintura do teto atribuída a José da Natividade, discípulo de Aleijadinho.
(Essa lenda nos foi lembrada por: Rubia de Mattos - ES)
Ilustração por: Danielle Pioli ART

Lenda dos Tuiuiús



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Existe uma lenda indígena que conta o porquê da expressão triste dos tuiuiús. Essas aves são símbolo do pantanal e as maiores aves que voam na planície pantaneira. Suas asas abertas têm quase três metros, de uma ponta a outra. Eles são parentes da cegonha, e, como ela, são chamados de aves pernaltas, por causa das pernas muito compridas.
Havia um tempo em que esses animais quando estavam com fome iam pedir alimento a um casal de índios que moravam próximos ao rio. Os dois eram amantes dos animais, mas tinham um apresso maior pelos tuiuiús. O guerreiro índio sempre deixava uns peixes reservados para as aves.
O casal vivia um amor sublime, entre eles e com a natureza. Quando a morte chegou, levou os dois juntinhos e já velhinhos. Os encontraram abraçados na rede com as faces tranquilas. A tribo, em homenagem ao sentimento que tinham pelos animais, os enterrou no local onde alimentavam os bichos.
Os tuiuiús ficaram por muito tempo sobre o monte de terra que cobria os corpos do casal, esperando que de lá saíssem algumas migalhas para alimenta-los. Como isso não ocorreu, ficavam cada vez mais tristes, olhando em direção ao chão.
Contam que é por esse motivo que os tuiuiús parecem estar sempre tristes, olhando em direção ao solo. E, como o casal de índios, os tuiuiús são fiéis ao seu parceiro, vivendo juntos por toda a vida.
(Essa lenda nos foi lembrada por: Níora Balbino - DF)
Ilustração por: Danielle Pioli ART